domingo, 14 de fevereiro de 2010

Rotina.

8h30 da manhã. Já estou irritado. Atrasei-me 20 minutos e a esta hora já costumo estar onde devia. Hoje tinha companhia, decidi quebrar a rotina e seguimos juntos até onde eu podia.
Em toda a santa paragem do metropolitano saem e entram umas quantas pessoas e eu sou uma delas. Entramos. Trocamos 2 ou 3 palavras. Saímos. Mais 4 ou 5 palavras. Entramos. Beijinhos. Bom dia e boa viagem. Saio. E começo a subir as escadas. Tanta gente! É o que dá quebrar a rotina: Apresento-te o Inesperado. Ainda assim estou dentro do horário+20mins. Subo uns quantos degraus e penso que sou o único que veio com companhia, o resto das pessoas, ainda que façam aquele percurso todos os dias à mesma hora não se falam. Sobem as escadas com o mesmo passo, com o mesmo ritmo e com a mesma apatia para com o que os rodeia. E é assim aqui e em todo o lado. Só percebi isto agora porque a minha rotina me tapava os olhos. Porque até eu me deixei cegar pela rotina que criei. Comecei a ver a minha rotina como uma companheira de viagem. Deixei-me adaptar e a constância instalou-se, tornou-se o hábito proveitoso que aparentemente facilitava a minha forma de começar o dia.
Pronto, rapaz, estás a ficar céptico em relação à tua maneira de ver as coisas. Ainda bem. Gostas de te pôr à prova. Estás a conseguir e nem te parece estranho estares a julgar as tuas acções. Invulgarmente, sinto que cada degrau que estava a subir quando saí do metro me trazia uma nova conclusão acerca da rotina. Porque foi aí que comecei a pensar com verdadeiras certezas nesse conceito de índole conservadora oposta ao progresso. É verdade. Se fiz o mesmo durante meses a fio, não variei. Não evoluí. O que me irritava a cada degrau eram o facto das conclusões que tirava sobre os que me rodeavam se aplicarem a mim, apesar de eu ser o único a mudar a rotina naquele momento. Saí do metro e pus-me ao caminho pela capital meio adormecida. A minha viagem de ida é aquela que costumo fazer quando regresso, já sem ver o sol penetrando pelos edifícios da velha baixa. Agora resta-me subir as escadinhas para uma última peripécia antes do destino final.
Último degrau. Fico feliz por ter quebrado a rotina por um dia. E já cheguei. Foi uma viagem rápida de pensamentos longos que romperam as rédeas do meu início de dia normal.


Não gosto da rotina. Quebrei-a e agora a minha querida e velha camarada rotineira vai ser novidade por um dia. Esta mudança de planos súbita faz-me bem. Depois de amanhã devo ir de bicicleta, ou engano-me no autocarro.

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